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"O Amor e Eu": Um Mistério
digg
Eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho
farei conhecer mais, para que o amor
com que me tens amado esteja neles, e
eu neles esteja" (João 17.26).
Por várias manhãs de sábado minha
mente tem se dirigido para temas que
eu poderia com propriedade denominar
as profundidades de Deus. Penso que
nunca senti mais plenamente a minha
incompetência do que ao tentar lidar
com aqueles. É um solo em que se
pode cavar e cavar o mais fundo que
quiser e, ainda assim, jamais exaurir as
pepitas de outro que nele jazem.
Entretanto, conforto-me com este
fato: que tais temas são tão frutíferos
que, mesmo que só lhes possamos
arranhar a superfície, deles obteremos colheita. Li uma vez sobre as planícies da índia, que eram tão férteis
que você só tinha que coçá-las com uma enxada que elas riam às gargalhadas, e com certeza textos como
esse podem ser descritos como igualmente prolíficos, ainda que sob nossa débil lavra. As pérolas aqui
jazem tanto na superfície quanto no fundo. Basta procurarmos em sua superfície e mexermos um pouco
no solo para nos espantarmos diante da plenitude de riqueza espiritual que está perante nós. Ó, que o
Espírito de Deus nos ajude a desfrutar as benditas verdades aí expostas! Eis aqui o tesouro de valor
inestimável, mas que fica escondido até que ele o revele a nós.
Veja que este texto é tirado da última oração de nosso Senhor com seus discípulos. Foi como se ele
dissesse: "Eu estou para deixá-los, eu estou para morrer por vocês; por um momento não me verão; mas
agora, antes de nos separarmos, vamos orar." É um daqueles impulsos que vocês já sentiram por si
próprios. Quando você está para deixar aqueles a quem ama, ficando eles em dificuldade e perigo, talvez,
sente que não poderia fazer nada além de dizer, "que nos aproximemos de Deus". Seu coração de forma
alguma encontra um modo de se expressar tão adequado, tão congenial, tão satisfatório quanto se
achegar ao grande Pai e expor o caso diante dele. Ora, uma oração de alguém tal como Jesus, nosso
Senhor e Mestre; uma oração em uma tal companhia, com os onze que ele havia escolhido, os onze que se
haviam associado com ele desde o início; uma oração sob tais circunstâncias, justamente quando ele
estava à beira do riacho de Cedrom, para cruzar aquele soturno curso de água, subir ao Calvário e lá
entregar sua vida - uma oração tal como essa, tão animadora, sincera, amorosa e divina, merece as
meditações mais atentas de todos os fiéis. Convido-os a trazer até aqui seus melhores pensamentos e
habilidades para navegar nesse mar. Não é um córrego ou baía, mas o próprio oceano. Não podemos
esperar que conseguiremos medir sua profundidade. Isso vale para qualquer frase dessa oração
incomparável; mas, para mim, a obra de exposição se torna extraordinariamente pesada, porque meu texto
é a conclusão e o clímax dessa maravilhosa súplica: é o mistério central de tudo. Na mais baixa profundeza
há ainda ali uma profundeza a mais para descer, e esse versículo é uma daquelas profundezas que
excederão ainda mais a fundura restante. Ó, quanto precisamos do Espírito de Deus. Ore pelo orvalhar
dele: ore para que suas balsâmicas influências desçam ricamente sobre nós agora.